Augusto Cabrita

Fotógrafo, cineasta e diretor de fotografia português

Ainda adolescente no Barreiro, Augusto Cabrita desenvolveu um olhar atento e humano sobre o mundo. A sua obra — atravessando a fotografia documental, o fotojornalismo, a imagem cinematográfica e retratos de músicos e personalidades — consolida-o como um dos grandes nomes da imagem em Portugal. As suas fotografias a preto e branco, marcadas pela sensibilidade à luz natural e ao detalhe humano, registam paisagens, cidades e vidas com dignidade, num gesto de memória e de poesia visual. Na câmara de cinema, colaborou em filmes e documentários que ajudaram a moldar a linguagem da imagem em Portugal. O seu legado permanece vivo, não só pelas imagens que produziu mas pela forma nova de ver e sentir o quotidiano que legou às gerações seguintes.

biografia

Augusto Cabrita (1923–1993)

Nascido no Barreiro a 16 de março de 1923, Augusto Cabrita foi fotógrafo, diretor de fotografia e cineasta — um dos nomes incontornáveis da imagem em Portugal. Autodidata, cedo se entregou à fotografia e, nas décadas seguintes, distinguiu-se como fotojornalista, retratista e colaborador de revistas e jornais, antes de expandir o seu trabalho ao cinema e à televisão.

Como fotógrafo, destacou-se pela qualidade do seu olhar: utilizava fundamentalmente luz natural, valorizava gestos, rostos e paisagens, captando momentos quotidianos e dignificando corpos e ambientes frequentemente marginalizados. Essa sensibilidade traduziu-se numa documentação intensa da realidade portuguesa — das tradições populares às transformações sociais e urbanísticas.

No cinema, foi o responsável pela direcção de fotografia de filmes marcantes, como o emblemático Belarmino (1964), e produziu uma série de documentários e curtas-metragens que revelam a sua visão artística e o seu sentido de urgência estética. A sua obra atravessa várias frentes: fotojornalismo, retrato, fotografia documental, capas de discos, reportagens internacionais, cinema de autor — testemunhos de uma carreira multifacetada e de uma sensibilidade transversal.

Em 2023, assinalou-se o centenário do seu nascimento com a exposição "100 Anos de Augusto Cabrita: Um Olhar Inédito", uma mostra abrangente da sua obra fotográfica que permitiu revisitar os diversos momentos da sua carreira — do Barreiro às viagens, dos retratos de figuras culturais aos registos urbanos e sociais. O evento reafirmou que a sua obra permanece viva como património fundamental da cultura visual portuguesa.

No conjunto, Augusto Cabrita legou um corpus fotográfico e fílmico de grande densidade e relevância histórica, estética e humana: um autor cuja capacidade de ver o mundo com atenção, dignidade e poesia continua a inspirar e a desafiar quem convive com as suas imagens.